BATALHA DO RIACHUELO |
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A
guerra do Paraguai foi a mais sangrenta e prolongada guerra de toda a América
Latina. De um lado estavam o Brasil, Argentina e Uruguai. Contra estas três
nações, o Paraguai sob o comando de Solano Lopez, tentava resolver suas
divergências diplomáticas por meios bélicos. Quatro nações irmãs
destruindo-se mutuamente anos a fio. Para ambos os lados, a bacia do Prata
era de fundamental importância. Solano Lopez sabia que se quisesse ter alguma
chance de sucesso na guerra, teria que dominar as águas da Bacia do Prata. O único obstáculo às
suas pretensões era a Marinha Imperial Brasileira que em 1865 contava 33
vapores, 12 navios a vela, com um efetivo de 609 oficiais e 3.627 praças. O plano de batalha era aniquilar esta ameaça, atraindo-a para as águas
estreitas dos rios onde seus barcos, mais adequados à navegação
fluvial, com o apoio de artilharia terrestre promoveriam a sua
destruição. O plano foi arquitetado em Humaitá, sob a direção do próprio
marechal. A
esquadra paraguaia que deveria atacar a brasileira estava sob o comando do
Comodoro Meza, e compunha-se dos navios: Taquari,
Paraguari, Iguareí, Iporá, Marques de
Olinda, Jejui,
Salto Oriental e Pirabebê.
Quadro onde
se destaca a imagem do almirante Tamandaré em pé na proa da fragata
Amazonas que rompeu as linha paraguaia mediante sucessivas arremetidas
como se fosse um aríete.
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A
esquadra brasileira, sob o comando de Francisco Manuel Barroso, encontrava-se ao
lado do Chaco, efetuando o bloqueio do rio em frente ao monumento denominado La
Coluna. O Paraná aí é largo e corre por algumas milhas na direção
mais ou menos norte-sul e depois nordeste-noroeste, com pequena reentrâncias e
saliências do lado correntino, sendo essa margem formada mais abaixo por
barrancas cobertas de espesso arvoredo. O ponto mais estreito do rio situa-se
entre o grupo de ilhas Las Palomeras e a Ponta de Santa Catarina. É aí que
serpenteia o Riachuelo.
Fragata Amazonas navio capitania da esquadra
brasileira na Batalha do Riachuelo.
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Quadro onde
mostra uma vista mais ampla da luta entre as embarcações oponentes.
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Corriam
vários boatos a respeito das intenções de López com relação à esquadra
brasileira. Os prisioneiros feitos em Corrientes haviam contado diversas histórias
cuja veracidade era difícil de averiguar.
O ataque paraguaio à frota brasileira ocorreu na manhã do dia 11 de junho de
1865, um domingo da Santíssima Trindade. Um a um foram surgindo pelo Chaco os
navios inimigos, rebocando baterias flutuantes, num total de oito vapores e seis
baterias. |
Roda do leme da célebre fragata Amazonas exposto no museu oceanográfico.
Para melhor visualizar clique na imagem. |
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A
esquadra paraguaia efetuou manobras a fim de colocar os navios em marcha regular
e a curta distância uns dos outros. Os paraguaios passaram diante dos
brasileiros, sendo trocadas cargas de canhões entre as duas frotas. Meza
colocou seus navios próximos às barrancas do rio, tomando posição quatro
milhas abaixo de onde se encontravam os brasileiros. A esquadra brasileira era
composta pelas unidades Amazonas,
Jequitinhonha, Beberibe,
Belmonte, Parnaíba, Araguari, Mearim, Ipiranga e lguatemi. Na Amazonas
encontrava-se o Chefe-de-Divisão Barroso, que içou o sinal “Bater o inimigo
mais próximo que cada um puder". Os navios brasileiros vieram água
abaixo, um a um tomando o rumo da esquadra inimiga. A Amazonas, ostentando o
pavilhão do chefe Barroso, permaneceu em seu lugar para ver o desfile da
esquadra. |
Naqueles
tempos era uma rotina ter imagens fixadas a proa.
Esta
era a imagem que ficava na fragata Amazonas.
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O
sinal que se via agora no navio era “O Brasil espera que cada um cumpra com o
seu dever”. Quando
os vasos da Marinha Imperial se defrontaram com os paraguaios, perceberam a
existência de baterias em toda a extensão da curva até a boca do Riachuelo.
Havia ainda fuzilaria e foguetes no alto da Ponta de Santa Catarina.
Ao
perceber tal fato, a Jequitinhonha
fez contra-marcha, sendo seguida
pelas demais, com exceção da Belmonte,
cujo comandante não viu o que
ocorria. A Belmonte recebeu
sozinha o primeiro ataque das baterias paraguaias, e foi obrigada, para não
ir a pique, a abandonar o combate. Restavam assim oito unidades brasileiras para
enfrentar 14 unidades paraguaias, mais 30 peças de terra comandadas por Bruguez
e a infantaria chefiadas por Robles. A luta era dura e o fogo partia dos dois
lados. Por volta do meio-dia a Amazonas desceu o rio. Meza,
ao ver os brasileiros aproximarem-se, foi ao seu encontro.
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Machadinhas
utilizadas nas lutas corpo a corpo que se desenrolaram na batalha de
Riachuelo quando barcos brasileiros foram abordados por chatas paraguaias.
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Três
vasos paraguaios atacaram a Araguari,
que conseguiu repeli-los. A Jequitinhonha
encalhou e a Parnaíba foi abordada. Da tripulação desta última.destacaram-se
na luta o guarda-Marinha Greenhalgh e o marinheiro de primeira classe Marcílio
Dias. A situação dos brasileiros não era das melhores, mas foi então que
Barroso lançou a Amazonas contra os navios paraguaios, fazendo de sua
embarcação um aríete conseguindo tirar de combate várias unidades inimigas e
mudando o destino da batalha. Os navios paraguaios bateram em retirada, sendo
perseguido pela Beberibe e pela Araguari. A
luta havia durado todo o dia, e a noite ainda encontrará os navios em combate.
De
grande importância para o rumo da guerra foi este sucesso obtido por Barroso:
estava aniquilado o poderio naval de Lopez, o domínio da bacia do Prata passou
para a Marinha Imperial.
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Encouraçado Erval
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Sob
o comando geral do Marechal Luís Osório, futuro Marquês do Erval, e atuando
em conjunto com as forças do Rio Grande do Sul, comandadas pek Tenente-General
Manuel Marques de Sousa, mais tarde Conde de Porto Alegre, as forças aliadas
compunham-se de aproximadamente 17.500 homens, entre brasileiros, argentinos e
uruguaios que em ação conjunta, com a esquadra de Tamandaré, composta
de cinco vapores e duas chatas, bloquearam a navegação pela bacia formada
pelos rios Paraná e Paraguai, deixando dessa forma o exército paraguaio
completamente isolado, sem meios de receber auxílio.
No
final da guerra, com o esforço do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro e
novas aquisições de navios no exterior, a marinha brasileira contava com um
respeitável elenco de 94 barcos de guerra, sendo 16 encouraçados.
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